O desenvolvimento infantil é um processo contínuo e dinâmico, em que o brincar desempenha um papel essencial em todas as fases da vida. Durante os primeiros anos de vida, as crianças não apenas descobrem o mundo ao seu redor, mas também constroem as bases para o seu crescimento físico, emocional, social e cognitivo. O brincar nesta fase vai muito além de um passatempo: é uma forma vital de aprender, explorar e interagir com o ambiente.
Ao longo dos três primeiros anos, as crianças passam por transformações rápidas e profundas. A habilidade de brincar com o corpo, a linguagem e as emoções é uma das maneiras mais poderosas de estimular o desenvolvimento e a compreensão do mundo. Nos anos seguintes, o brincar assume novos formatos, estimulando habilidades mais complexas e promovendo a integração das experiências sensoriais, emocionais e sociais.
A seguir, destaco as fases do desenvolvimento infantil, com seus marcos mais importantes, sinais de alerta, curiosidades sobre cada etapa e sugestões de brincadeiras que estimulam o crescimento integral da criança.
Dra Juliana Bergamini é pediatra e homeopata em Jundiaí-SP, com mais de 10 anos de experiência em atendimento de crianças e suas famílias sob o olhar da homeopatia.
Formada em medicina e com residência em Pediatria pela Santa Casa de São Paulo
Título de Especialista em Homeopatia pela Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB)
Mestra em Saúde Coletiva, Política e Gestão em Saúde, na UNICAMP
1. Primeira Fase: 0 a 3 Anos — A Formação do Corpo e a Conexão com o Mundo
Nos primeiros três anos de vida, a criança está em constante transformação. As habilidades motoras começam a se desenvolver rapidamente, e a exploração sensorial se torna a principal forma de interação com o mundo. O brincar nesta fase é caracterizado pela exploração física do ambiente e pelo desenvolvimento das funções corporais, como o controle motor, a coordenação e a percepção sensorial.
Marcos Importantes do Desenvolvimento de 0 a 3 Anos
- 0-3 meses: Nos primeiros dias de vida, a criança reage aos estímulos primitivos, como o toque e o som. As primeiras interações são predominantemente reflexivas, como a sucção e o agarramento. A criança começa a focar sua visão em rostos e objetos próximos.
- 3-6 meses: O controle do pescoço melhora, e o bebê começa a reagir com expressões faciais a estímulos, como sorrir ou fazer caretas. As mãos começam a ser usadas de forma mais intencional, e o bebê explora objetos com os dedos e a boca, um marco importante para o desenvolvimento da coordenação motora fina.
- 6-12 meses: O bebê se movimenta mais, engatinha, e alguns começam a ficar de pé e dar os primeiros passos. A exploração do ambiente se intensifica, e a criança demonstra um crescente interesse por brinquedos, tocando, batendo, sacudindo e até tentando empilhar objetos.
- 12-18 meses: Ao andar, a criança ganha mais liberdade de exploração. Ela começa a imitar gestos simples e a usar mais palavras. O brincar passa a ser mais intencional, com a criança começando a se engajar em atividades de imitação, como “cozinhar” com utensílios ou falar no telefone.
- 18-24 meses: O vocabulário se expande, e a criança usa palavras para se comunicar, embora ainda de forma simples. As brincadeiras de faz-de-conta começam a se tornar mais evidentes, com a criança imitando papéis e ações dos adultos ao seu redor.
- 24-36 meses: A coordenação motora grossa e fina se aprimora, permitindo que a criança participe de atividades mais complexas, como correr, saltar e manipular brinquedos pequenos. O brincar social se intensifica, com maior interação com outras crianças e brincadeiras de construção.
Sinais de Alerta:
- 0 a 6 meses:
- Falta de resposta a sons ou interações visuais.
- Incapacidade de sustentar a cabeça quando deitada de barriga para baixo.
- Pouca movimentação das mãos ou dificuldades de agarrar objetos.
- 6 a 12 meses:
- Atraso na mobilidade: não engatinhar, não se mover de forma autônoma.
- Falta de interesse em objetos ou não mostrar interação com estímulos ao seu redor.
- 12 a 18 meses:
- Dificuldade em imitar gestos simples (como bater palmas ou acenar).
- Atraso na fala: não começar a dizer palavras simples como “mamãe”, “papai”.
- 18 a 36 meses:
- Incapacidade de engajar em brincadeiras de faz-de-conta ou falta de interesse por objetos simples.
- Comportamento social retraído: falta de interação com outras crianças.
- Dificuldade na manipulação de objetos pequenos ou em atividades que exigem coordenação motora fina.
Dra Juliana Bergamini é pediatra e homeopata em Jundiaí-SP, com mais de 10 anos de experiência em atendimento de crianças e suas famílias sob o olhar da homeopatia.
Formada em medicina e com residência em Pediatria pela Santa Casa de São Paulo
Título de Especialista em Homeopatia pela Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB)
Mestra em Saúde Coletiva, Política e Gestão em Saúde, na UNICAMP
Curiosidades sobre o Desenvolvimento nesta Fase:
- O desenvolvimento motor nos primeiros anos depende fortemente do ambiente físico da criança. Oferecer espaços seguros e amplos para engatinhar, explorar e caminhar facilita o desenvolvimento da coordenação.
- A imitação é uma das formas mais poderosas de aprendizagem nesta fase. A criança, ao observar o comportamento dos adultos, começa a aprender sobre as normas sociais e as funções do corpo, por isso é importante que os adultos se tornem exemplos ativos para a criança.
Sugestões de Brincadeiras:
- Brincadeiras com Espelhos: Aos 6 meses, a criança começa a perceber seu reflexo. Brincar diante de um espelho, fazendo expressões faciais e observando a reação da criança, pode estimular a percepção corporal.
- Brincadeiras de Mímica: Aos 18 meses, brincar imitando sons de animais ou gestos simples ajuda a criança a desenvolver a linguagem e a compreensão de papéis.
- Brincadeiras com Materiais Naturais: Ofereça objetos como folhas, pedrinhas e galhos. Esses materiais simples estimulam a curiosidade e a criatividade, além de fortalecer a coordenação motora fina.
Desenvolvimento Motor e Homeopatia: Uma Abordagem Complementar
O desenvolvimento motor das crianças é um processo multifacetado, que envolve não apenas o aprendizado de habilidades físicas, como andar, correr, escrever e se coordenar, mas também aspectos emocionais e psicológicos que influenciam diretamente esse processo. A homeopatia, enquanto abordagem terapêutica que busca restaurar o equilíbrio integral do corpo e da mente, pode desempenhar um papel importante no suporte a esse desenvolvimento.
Ao tratar questões emocionais como ansiedade, estresse, medos ou traumas, a homeopatia ajuda a liberar bloqueios que podem interferir na livre expressão motora da criança. Por exemplo, uma criança com dificuldades motoras pode estar, na verdade, enfrentando desafios emocionais que dificultam a coordenação e a confiança necessárias para o pleno desenvolvimento físico. A homeopatia, nesse sentido, trabalha no equilíbrio das emoções e na melhoria da saúde geral, promovendo maior disposição para atividades físicas e o desenvolvimento motor de forma mais fluida e harmoniosa.
Além disso, a homeopatia pode ser especialmente útil em fases críticas do desenvolvimento motor, onde a criança precisa de suporte adicional para superar desafios específicos. Quando o corpo enfrenta tensões, rigidez ou dificuldades relacionadas ao movimento, certos remédios homeopáticos podem ajudar a aliviar esses sintomas, permitindo que a criança se sinta mais à vontade para explorar o ambiente ao seu redor e desenvolver suas habilidades motoras.
Em casos de transtornos do desenvolvimento motor, como a disfunção da coordenação motora, a homeopatia pode ser usada como uma terapia complementar, ajudando a suavizar os efeitos dessa condição e promovendo um melhor controle motor. Certos remédios podem ser indicados para lidar com questões relacionadas ao atraso no desenvolvimento motor ou dificuldades específicas de coordenação, otimizando os resultados de tratamentos convencionais.
2. Segunda Fase: 3 a 6 Anos — A Expansão da Imaginação e o Início das Relações Sociais
Entre os três e os seis anos, a criança se torna mais consciente de si mesma e do mundo ao seu redor. As habilidades linguísticas se expandem, e as brincadeiras passam a ser mais estruturadas, envolvendo a interação com outros. Ela começa a imitar não apenas ações, mas também emoções e intenções.
Marcos Importantes de 3 a 6 Anos
- 3 a 4 anos: A criança já usa frases completas e começa a engajar em brincadeiras de faz-de-conta mais elaboradas, criando histórias e cenários imaginários.
- 4 a 5 anos: A interação social se intensifica. A criança começa a entender as regras e a dinâmica de jogos, como pegar e passar objetos ou jogar bola.
- 5 a 6 anos: A criança tem uma compreensão mais clara de si mesma no contexto social. Ela se engaja em jogos com regras mais complexas, como jogos de tabuleiro simples, e começa a mostrar interesse por atividades que envolvem habilidades cognitivas, como contar ou ordenar objetos por tamanho e cor.
Sinais de Alerta:
- Dificuldade em Expressar Sentimentos: Se a criança tem dificuldades em se comunicar ou expressar emoções de forma simples aos 3 anos, pode haver um atraso no desenvolvimento social e emocional.
- Aversão a Brincadeiras de Faz-de-conta: Se a criança se recusa consistentemente a brincar de faz-de-conta ou não demonstra interesse por interações sociais com outras crianças, pode ser um sinal de que ela está com dificuldades emocionais ou cognitivas.
- Comportamento Agressivo ou Excessivamente Retraído: Se a criança tem dificuldades em interagir com outras crianças e tende a se isolar ou demonstrar comportamentos agressivos, é importante observar seu desenvolvimento social.
Curiosidades sobre o Desenvolvimento nesta Fase:
- As brincadeiras de faz-de-conta não só ajudam as crianças a entender o mundo ao seu redor, mas também promovem o desenvolvimento da empatia. Ao interpretar diferentes papéis, as crianças começam a entender como os outros podem se sentir em diversas situações.
- A linguagem nesta fase está diretamente ligada à capacidade de resolver problemas e interagir socialmente. Crianças que brincam mais com outras tendem a se desenvolver linguisticamente mais rápido.
Sugestões de Brincadeiras:
- Cenários de Faz-de-conta: Forneça materiais simples, como bonecas, utensílios de cozinha e roupas velhas para que a criança crie seus próprios cenários e histórias.
- Jogos de Regras: Comece com jogos simples de regras, como “esconde-esconde” ou “passa anel”. Essas brincadeiras ajudam a criança a entender limites e a lidar com a frustração.
- Desafios de Construção: Incentive a criança a construir torres ou figuras com blocos. Isso desenvolve a coordenação motora fina e ensina a noção de equilíbrio e simetria.
3. Terceira Fase: 6 a 7 Anos — A Consolidação das Habilidades e a Preparação para o Mundo Social
Ao completar seis anos, a criança começa a ter um senso mais refinado de sua identidade social e suas habilidades cognitivas se expandem. Ela começa a compreender noções abstratas, como tempo e causalidade, e se engaja em brincadeiras mais complexas, com regras e interações mais sofisticadas.
Marcos Importantes de 6 a 7 Anos
- 6 anos: A criança começa a compreender conceitos de tempo, espaço e quantidade, além de se interessar por leitura e escrita simples.
- 7 anos: A criança se aproxima da escolarização formal e adquire uma compreensão mais concreta de números, letras e palavras. Ela também começa a se envolver em atividades físicas mais estruturadas, como esportes e dança.
Sinais de Alerta:
- Dificuldade em Seguir Regras: Se a criança não consegue seguir instruções simples ou se engajar em atividades que envolvem regras, pode haver dificuldades no desenvolvimento cognitivo e social.
- Retraimento Social: Se a criança evitar constantemente interações sociais e preferir brincar sozinha, isso pode ser um sinal de dificuldades emocionais ou sociais.
- Desinteresse por Atividades Acadêmicas: Se a criança demonstrar resistência a atividades de leitura, escrita ou matemática simples, é importante investigar possíveis dificuldades cognitivas.
Curiosidades sobre o Desenvolvimento nesta Fase:
- As habilidades de resolução de problemas se tornam mais evidentes nesta fase. As crianças começam a fazer perguntas mais complexas sobre como as coisas funcionam, como “por que o céu é azul?” ou “como as plantas crescem?”
- O desenvolvimento da escrita e da leitura é altamente influenciado pelo brincar. Atividades que envolvem histórias, rimas e jogos de palavras ajudam na aquisição dessas habilidades.
Sugestões de Brincadeiras:
- Jogos de Tabuleiro: Brincadeiras como “Banco Imobiliário” ou “Jogo da Vida” ajudam a criança a entender conceitos como números, estratégia e resolução de conflitos.
- Atividades Artísticas: Incentivar a criança a desenhar, pintar ou modelar com massinha promove a criatividade e a coordenação motora fina.
- Esportes e Atividades Físicas: Jogos ao ar livre, como correr ou brincar de pega-pega, ajudam a criança a desenvolver habilidades motoras e também a aprender sobre o trabalho em equipe.
O desenvolvimento motor infantil é um processo complexo que envolve tanto o corpo quanto as emoções. O brincar desempenha um papel fundamental nesse processo, pois permite que a criança explore suas capacidades e interaja com o mundo ao seu redor.
A homeopatia, ao tratar de aspectos emocionais que podem interferir no desenvolvimento físico, oferece um suporte adicional, ajudando a criança a superar bloqueios e a lidar com tensões que possam surgir durante essa fase de crescimento.
Como uma abordagem complementar, ela oferece um cuidado personalizado que pode beneficiar o desenvolvimento motor, emocional e social da criança, promovendo seu bem-estar de forma integrada.
Ao considerar o tratamento homeopático, seja de forma complementar ou exclusiva, os pais podem contar com uma alternativa que apoia a criança em seu processo natural de desenvolvimento, respeitando suas necessidades individuais e contribuindo para seu crescimento saudável.
Dra Juliana Bergamini é pediatra e homeopata em Jundiaí-SP, com mais de 10 anos de experiência em atendimento de crianças e suas famílias sob o olhar da homeopatia.
Formada em medicina e com residência em Pediatria pela Santa Casa de São Paulo
Título de Especialista em Homeopatia pela Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB)
Mestra em Saúde Coletiva, Política e Gestão em Saúde, na UNICAMP
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Fontes:
olá